Ontem de madrugada, sem conseguir dormir, ou melhor, sem vontade de dormir, acendi as luzes do quarto e parei na frente da minha coleção de discos pra fazer uma lista. As canções mais lindas que já ouvi. Tão lindas quanto o rosto que não saía de dentro da minha cabeça. Conseguir sair com algumas. Deixei a lista nacional pra outra hora. Mas sei lá. Talvez amanhã seja outra. Outras músicas, outros rostos. Tantas que não lembrei, outras tantas que não ouvi (ainda). Mas aqui tenho umas. Me digam o que acham:
sem ordem de preferência
The Wallflowers - 6th Avenue Heartache: Me lembro da oitava série, sem mentira. Todas as coisas boas e ruins da época que ainda engatinhava nos conhecimentos musicais. Não entendia muito, mas de uma coisa tinha certeza: até então, nunca tinha ouvido um riff, nem música tão emocionante. Slide guitar mortal e a voz do filho do Bob é algo pra lá de sublime.
Radiohead - Black Star: Não preciso falar muito dessa canção. Uma maldita hecatombe emocional em escala massiva. Abandonei as aulas de violão depois que aquele professor desgraçado me disse que não sabia tocar aquilo. Ainda vou aprender a tocar essa música. E ah: The Bends É MELHOR que o Ok Computer.
The Breeders - Oh!: Uma das canções de amor mais perfeitas da história. Ainda vou transar ao som dessa música, um mantra do acasalamento, macio como a neve (mas quente por dentro), cortante e desesperado como certas paixões. E tudo isso em dois e meio. Os uivos da Kim Deal me assombram em sonhos (ou pesadelos??). E eu amo violinos.
The Beach Boys - God Only Knows: Não vem que não tem. Todo ser humano que assim queira ser chamado (de ser humano) tem que ter essa pérola entre suas músicas do coração. Desde o início arrepiante, com os vocais angelicais de Carl Wilson , a percussão que parece um sapateado, os vocais, os sinos, a quebradinha na parte central da música. Tudo é perfeito, numa sintonia divina, muitas vezes imitada, mas nunca igualada. Dirk Diggler que o diga.
R.E.M. - At My Most Beautiful: Como eu já tinha falado, "God Only Knows" jamais será igualada, até porque apareceu primeiro (HAHAHA). Mas a melhor banda do mundo em atividade (quer dizer, depois dos Pixies) chegou muito perto com essa pequena sinfonia. A letra é uma lamento apaixonado de derreter icebergs, sem contar a voz de Michael Stipe, que nem precisa de comentários. Avassaladora.
Pixies - Where Is My Mind?: UUUHÚÚÚÚÚ!! UUUHÚÚÚÚÚ!!
My Bloody Valentine - Sometimes: Se existem pessoas às quais devo agradecer por me mostrar algumas bandas muito legais, essas são meus bróders
Diegoles e
Vignoli. Um salve especial pro Vignoli, que quando mal me conhecia, fazia a parceria de levar uma dúzia de cds e me trazer gravados. Se não fosse por isso, talvez não conheceria, ou demoraria bem mais pra conhecer o MBV e sua "Sometimes". Um mar de ruídos, de frequências, de anjos e demônios se entrelaçando por entre as guitarras e violões soterrados pela melodia inebriante e os sussurros ininteligíveis de Kevin Shields. O sonho cor de rosa da capa do Loveless captado em sua plenitude.
Tender - Blur: O cântico supremo dos corações à procura. Pelo menos é o meu. Quer dizer, eu tenho um monte desses cânticos. Mas no momento que "Tender" está rolando, ele se torna maior que qualquer outra coisa. Dura "apenas" oito minutos, mas poderia ter meia hora que mesmo assim estaria pedindo por mais. "I'm waiting for that feeling, i'm waiting for that feeling to come...". Banjo, por favor!! Difícil não passar por isso sem um sorriso rasgado e uma lágrima no canto dos olhos. Lágrima de alegria não cai dos olhos, fica no cantinho pra fazer eles brilharem mais.
Schizophrenia - Sonic Youth: Um dos riffs mais belos da história. Um dos interlúdios mais maravlihosamente caóticos da história. Um dos crescendos mais comoventes da história. Vários mais de várias histórias. Mestres são mestres e vice-versa.
Cortez The Killer - Neil Young: E por falar em riffs, o que falar desse aqui, hein?
HEIN??
Jed The Humanoid - Grandaddy: Nunca pensei que poderia chorar por um robô. Esse pensamento foi destruído às sete da manhã de um sábado cinzento, dentro de um ônibus. À parte da destruidora historinha de um robô obsoleto e esquecido, ainda resiste uma fortaleza de teclados etéreos e cordas pungentes, com outros tesouros escondidos. E o foda era que o ônibus tava lotado.
Amsterdam - Coldplay: Quase que eu fui na onda de odiar esses caras. Mas não fui. Nada vai me tirar da cabeça que "Rush Of Blood To The Head" é um dos discos mais belos feitos nos últimos tempos. E ele termina com a apoteose chamada "Amsterdam". To esgotando meus adjetivos por aqui. Pianos!! Melodia!!! Pau no cu desses Keane!!
Alcoholiday - Teenage Fanclub: Não preciso falar muito desses aqui. Norman Blake é um dos meus heróis. Um cara normal com vontade de expressar seus sentimentos em música, sem precisar de muitas notas para isso. Aqui é a obra definitiva do cara. A canção definitiva do TF para muitos. Eu, por exemplo.
In Remote Part/Scottish Fiction - Idlewild: Quem pensou que uma banda punk como o Idlewild seria capaz de uma coisa dessas? Um épico de três minutos, intimista e tempestuoso como meus pensamentos às quatro da manhã.
Starálfur - Sigur Rós: Pra dizer a verdade, teria que escolher um disco inteiro do Sigur Rós pra fazer justiça. Poucas bandas merecem tanto o adjetivo de belo. Três músicas deles levariam o caneco: "Njosavelin", do (), "Svefn-G-Englar" e "Starálfur", do Agaetis Byrjun. Escolhi a última porque essa é a que estou escutando agora. Essa caracteriza a "simbiose sinfônico-guitarrística" (termo do J.A.M.E.S., eu acho) perfeitamente. As guitarras desfilando ao lado dos gentis violinos, abrindo caminho para a voz distinta do vocalista, apenas preparando o terreno para o golpe fatal, quando a orquestra cai do céu diretamente NA TUA CABEÇA.
Poor Places - Wilco: Yankee Hotel Foxtrot é um dos álbuns mais lindamente TRISTES que já ouvi. E, não importando quantas vezes eu possa tê-lo ouvido, nunca passo ileso por "Poor Places". Ruído por ruído, desde o tranquila confusão do início até o pesadelo catártico do fim, existe melodia, existe um coração, uma voz errante (Jeff Tweedy, no caso). Existe uma PUTA MÚSICA.
The Only Moment We Were Alone - Explosions In The Sky: Qual o sentido das palavras? Se depender do EITS, nenhum. As guitarras falam uma língua própria, quase tão petrificante quanto as outras. A bateria faz o coração pulsar enquanto a melodia percorre como o sangue em seu corpo, pra sair explodindo, levando toda sua tristeza pra fora. As guitarras sobem , os músculos se contraem, os olhos se cerram. Não há resistência. Música emocional e emocionada pra quem não tem coração de pedra, pois esses sabem reconhecer a beleza onde ela existe.
Counting Off The Days - And You Will Know Us By The Trail Of Dead: AND IT'S SOOOOOOOOOOO HARD... TO START. YES, IT'S SOOOOOO HARD TO STAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAART...
Waitin' For A Superman - Flaming Lips: Num disco tão grandioso como The Soft Bulletin, a música mais bonita é uma das mais singelas. Minha canção de ninar. Boa pra cantar pros filhos.
Stumbleine - Smashing Pumpkins: Billy Corgan tem uma das vozes mais memoráveis do rock. Pode ter neguinho que não goste, mas há de se admitir que o cara é incomparável. E longe dos guinchos cortantes das outras canções dos abóboras, o cara cometeu "Stumbleine". Só voz e violão. Arrepiante.
Blimps Go 90 - Guided By Voices: HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
É isso aí, bugrada. To de volta, com esse micro restaurado, incrementado e cheirando a bundinha de nenê. Que maravilha. Livre de todos os spy-bots e worms, estou de volta às atividades de nerd. Pro pessoal que pediu: já comecei a resenha do Prince. No mais, to ainda na correria. Minha moleza tá acabando por aqui, correndo atrás de um trampo pra garantir a grana das biras no fim de semana. Ainda não achei, mas nas pilhas de cachorro esfomeado que eu ando ultimamente, não se admirem se eu retornar pra um escritório contábil ou um cargo administrativo qualquer. Mas dá nada: é só pintar aquele contra-cheque esperto no começo (ou fim) de mês que tá tudo certo. É isso aí. Um abraço...
NA VITROLA: A New Found Glory - All Downhill From Here. Tudo bem. Podem me detonar. Mas nada me tira da cabeça o riff desses putos. Punk melódico californiano, dos mais descarados e comerciais. Mas como eu já falei, tem um riff muito maroto, sem contar um refrão levanta-estádio. Me sinto voltando uns 6 anos no passado, quando ouvia Offspring, Bad Religion, tinha um cabelo (bem mais) ruim, cheirava pior... ah, deixa pra lá...