I SEE A BAD MOON RISING...
Chegar numa locadora em um sábado à s 21:30 e querer alguma novidade é pedir um
McLanche Feliz numa borracharia. "Mas foda-se" pensei. Deve ter alguma coisa nessa joça que eu não tenha visto e que me interesse". Embora fosse difÃÂcil, porquê eu sou um descontrolado rato de locadora, encarei as prateleiras procurando um tÃÂtulo inédito. Poderia ser uma velharia, desde que eu não tivesse visto. Tinha a coleção completa dos "Sexta-Feira 13", os filmes mais fodidamente trash que vi, perdendo apenas para os espetaculares
Surfistas Nazistas Devem Morrer e
A Fúria Das Feras Atômicas, filmes tão ridÃÂculos que nem tenho mais certeza se realmente existem ou são ilusões óticas em meus delÃÂrios esquizofrênicos. Também tinham outras coisas interessantes, como reedições de Fargo (um filme realmente bala) e
Os Duelistas (o primeiro filme de Ridley Scott, um diretor realmente FODA), mas que eram invariavelmente descartados pelo simples fato de que eu Já OS HAVIA VISTO ANTES. Até que uns quinze minutos depois eu avisto: "Edição Especial: Um Lobisomem Americano em Londres". ALELUIA!!! O clássico filme de John Landis estava escondido entre "As Pontes de Madison "e "Era Uma Vez na América", para você ver a organização dos DVDs no local. Mas dane-se: o filme já estava na minha mão e eu já me encaminhava rumo ao balcão. As coisas melhoraram ainda mais quando um cidadão adentrou o recinto e devolveu outra pepita:
Os Reis Do Iê-Iê-Iê. "Eu quero", falei eu pra atendente. Pois então: voltei tranquilamente com dois belos tÃtulos pra casa.
Faz duas horas mais ou menos que terminei de olhar o filme do lobisomem. Não sei como sempre ouvi falar do filme como comédia, quando na real o filme é assustador pra caralho. Visualmente assustador. Constatação curiosa prum filme de 1981, quando a tecnologia digital não passava daqueles sabres de luz ridÃÂculos. O filme em si não utiliza nenhum recurso digital. Ele usa e abusa do talento de Rick Baker, um gênio da maquiagem que já ganhou uma penca de prêmios. O Oscar de maquiagem foi inventado por causa do trabalho de Baker nesse filme. Não era pra menos: um filme que consegue mostrar um homem se transformando em lobisomem sem desviar a câmera e de forma grotescamente real não poderia passar batido.
O filme é de TERROR, mas lembremos nós que
John Landis é o diretor. Eu sou fã do cara: com pérolas como Clube dos Cafajestes (
Jackass se inspirou aqui) e Os Irmãos Cara-de-Pau, o fulano fez história no final da década de 70 e na primeira metade dos anos 80. Depois do brilhante desvairio
Amazonas Na Lua, de 1987, o cara só fez merda. Landis chegou a trabalhar com PUTA-QUE-PARIU Sylvester Stallone.
"Lobisomem" tem diversas sequências engraçadas: a cena onde David tem delÃÂrios de sua famÃÂlia sendo morta por lobisomens nazistas com metralhadoras é hilariante e há também as visitas do amigo morto de David, que cada vez aparece com visual mais apodrecido e repulsivo (cortesia de Rick Baker). Mas como se pode ver, o humor não é dos mais acessÃÂveis.
HWAHWAHWA... gulp
O forte do filme mesmo é o TERROR. O filme é extremamente violento, com decapitações, peles arrancadas, sangue aos galões, corpos e mais corpos. O caos em Piccadilly Circus no clÃÂmax do filme não me deixa mentir. Carros batendo, pessoas sendo atropeladas, pânico, uma coisa do caralho.
Também há um pouquinho de romance no esquema. Serve pra dar uma aura trágica ao personagem. O lobisomem é um personagem extremamente trágico por natureza: um homem normal que não tem controle sobre a sua sede de sangue e sabe que não pode continuar assim, só restando a morte. Felizmente, Landis não se esqueceu deste detalhe, tornando o clima seco quando necessário. O final é repentino e aterrador.
Filmaço.
Hoje de tarde vou olhar o outro filme... e o Bowie hehehehehe...