Acho que nunca estive num melhor momento pra curtir Jazz. Parece que finalmente caiu a ficha. O que no inÃcio mais era uma forma de parecer mais cool e tal (me arrependo demais de ser assim, mas fazer o quê) agora está se transformando numa paixão verdadeira. Comecei escutando Fusion. Meu primeiro disco foi Birds Of Fire, da Mahavishnu Orchestra. Era um disco legal, mas de jazz mesmo, tinha muitÃssimo pouco. Depois resolvi encarar "Bitches Brew", do tio Miles Davis. Foi um esquema estranho. Na real, acho que ainda não assimilei aquele esquema corretamente. Escutei ele hoje de novo. Ainda curto, mas preciso escutar mais. Mas está mais familiar a cada orelhada. Kind Of Blues, do Tio Miles de novo foi outro discaço, mas que ouvi umas duas ou três vezes, muito pouco para o que um disco desse calibre exige. De umas semanas pra cá começou a mudar. Escutei A Love Supreme, do Coltrane, uma obra não menos que fascinante. A semana passada inteira eu fiquei ouvindo e cantarolando:
a love supreme, a love supreme
quem sou eu pra ficar comentando as estruturas melódicas das músicas. Eu não sou músico. Tento acompanhar os compassos da bateria com minhas baquetas, mas não sei porra nenhuma. O mais incrÃvel é: o clic, sabe, aquele clic? Quando finalmente você pensa que alguma coisa é do caralho (explicações maiores
aqui) e quer ouvÃ-la pro resto de sua vida? Foi ontem, por volta das duas da manhã, no escuro e pronto pra dormir. Estava escutando Kind Of Blue. Exatamente quando "So What" atingiu a marca de um minuto e meio, enquanto Paul Chambers debulhava no contrabaixo, subitamente a bateria de Jimmy Cobb se retraiu num breque elegantÃssimo:
tic-tic-tic-tum-TUFF
Entra Miles e daà pra frente é história. É idiotice pensar em sono quando um disco te pega. Por mais relax que Kind Of Blues seja, fiquei acordado durante quase uma hora, somente com meu edredom, meu travesseiro e meus fones.
E ah... vou fazer isso de novo hoje. Vou escutar Dave Brubeck.
Boa Noite