MOMENTO GORE
Sempre fui fascinado por filmes de terror. O tipo mais sangrento possÃÂvel. Urros de satisfação escapam de mim ao ver um crânio partido em dois, bastões pontudos perfurando globos oculares, decapitações e outros estragos que lâminas ou outros objetos afiados e/ou pontudos podem fazer em seres vivos ou não. Claro que é de mentira, afinal de contas, abomino aquelas baboseiras de Faces da morte e outros esquemas. Sangueira da boa é Fome Animal, do Peter Jackson, aquele do magrão quie sai matando zumbis com um cortador de grama. Isso é tri, humor negro, tão negro que chega a ser azul. Sempre ouvi falar de um filme italiano da década de 90, que por muitos era considerado o último grande filme de terror dos carcamanos. E lá sempre foi terra de coisa boa: Lucio Fulci, Dario Argento, Mario Bava e tal. Michele Soavi é um dos discÃpulos do mestre Argento. E
Dellamorte Dellamore, de 1994 é seu último filme. E até hoje é considerado obra-prima. Sempre tive vontade de ver o longa, mas nunca o encontrava, achava que não tinha sido lançado no brasil. Tive um surpresa hoje. Ao fuçar na prateleira dos filmes de terror da locadora onde vou, achei uma fita com a capa desbotada, uma montagem da mais capenga, e o titulo "Pelo Amor e Pela Morte". "Putz", pensei. Fui ver o tÃÂtulo original: era o filme mesmo, PUTA QUE PARIU!!! Não deu outra, trouxe pra casa. Acabei de ver o tal filme. E te digo: é do caralho. Você já viu um filme de zumbis filosófico?? Pois é isso aà que o filme é. É baseado numa história do cara que criou Dylan Dog, um detetive dos quadrinhos que resolvia casos sobrenaturais e violentos (não li, mas deve ser tri). Rupert Everett faz o papel de um coveiro que precisa cuidar dos retornantes, zumbis que preferem voltar a viver, obviamente em estados corpóreos nada aprazÃÂveis. Sangue, tripas e tudo o mais. O must. O ajudante do fulano é um retardado mental que é bem estranho. Um dia o cara conhece a viúva de uma cara e os dois se apaixonam perdidamente. O rala e rola acontece ali mesmo sobre as lápides e caixões, um lance tri mórbido. O filme todo é carregado de uma morbidez cavalar. Mas continuando, a tal da mulher morre e o cara entra em parafuso. Também dá uma tremendo de uma acidente com uns jovens e um ônibus de escoteiros na cidade onde ele vive. Uma das vÃtimas é a filha do prefeito, que acaba decapitada. O ajudante do coveiro de apaxona pela cabeça da coitada (só a cabeça MESMO). Enquanto isso o prefeito tira fotos com o corpo putrefato da filha pra fazer propaganda polÃtica.
PUTA MERDA!!!
A metade final do filme é memorável. Quando tudo que ele quer é ver sua amada de volta, o destino vai mandando ela em formas que ele não quer. Bah, o negócio fica foda mesmo. A demencia atinge nÃÃveis exponenciais, tipo matando prostitutas, freiras e médicos. Seu melhor amigo assume a culpa dos assassinatos e ele manda a pérola:
Thief. You may have killed your wife and daughter - okay, I'll give you that - but it was me who knocked off the three girls. What are you doing stealing my murders? What kind of a fucking friend do you think you are?
Legal, não? O filme é crivado de frases tão bacanas quanto inteligentes. Esse nÃÂvel de esperteza e espirituosidade certamente pertence a poucos filmes, quanto mais de terror trash. Uma outra amostra:
Francesco Dellamore: Death, Death, the whore.
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Francesco Dellamorte: I'd give my life to be dead.
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Francesco Dellamorte: You and I are both the same: we kill out of indifference, sometimes love, but never hate.
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Francesco Dellamorte: At a certain point in your life you realize you know more dead people than living.
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Francesco Dellamorte: I haven't read more than two books in my whole life. One I never finished, and the other is the phone book.
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Francesco Dellamorte: Pass this town is the rest of the world. What do you think the rest of the world looks like?
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Francesco Dellamorte: Death, death, death comes sweeping down, filthy death the leering clown, death on wings, death by surprise, failing evil from worldly eyes, death that spawns as life succumbs, while death and love, two kindred drums, beat the time till judgement day, an actor in a passion play, without beginning, without end, evermore, amen.
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Francesco Dellamorte: You get into all sorts of trouble if you kill people if they're still alive.
Rupert Everett, o gay, tá muito canastra como Francesco Dellamorte, o que só torna o filme mais bacana e despretensioso. Sem contar que eu descobri uma nova musa italiana. Monica Belucci é passado. Amo Anna Falchi agora. Gostoso pra caralho. Peitões, sabe?
Taà minha dica. Se por um acaso cruzares com essa fita numa locadora de merda, vai sem medo. É bacana.