Say hi and then goodbye

domingo, agosto 17, 2003

 
Tem filmes que fazem história...

pra certas pessoas. Num contexto geral, eles podem não significar merda nenhuma pra ninguém. Mas tem determinados filmes que capturam o espectador em momentos especiais de suas vidas e acabam fazendo toda a diferença. Tipo um canibal quando vê O Silêncio dos Inocentes. Identificação com os personagens. Eu, por exemplo, daqui a uns meses já estarei entrando na minha segunda década de vida. E pouquíssima coisa mudou. Tudo bem, estou na faculdade, tenho um emprego que segura legal a barra e tal. Falo de mim mesmo. Eu continuo o mesmo moleque de 13 anos, esquisito, preguiçoso e com medo de fazer as coisas de forma diferente. É irônico dizer isso, mas essa idéia me dá ainda mais medo. Medo de virar um cara como Barry Egan, o protagonista de Punch-Drunk Love (Embriagado de Amor aqui no Brasil, mas achei um título vergonhoso - explico isso depois). Barry consegue se relacionar com outras pessoas, mas não como ele mesmo. Por trás de uma máscara de trejeitos pré-fabricados, coisa típica de um vendedor, ele reprime sua sociofobia. Mas abrir-se realmente com os outros, não. Nem com suas irmãs ele consegue isso. Aliás, sua família é a que menos ajuda nesses casos. Barry faz coisas estranhas, tipo comprar um lote de pudim pra juntar milhas aéreas de uma promoção. Ou entrar em ataques violentos de raiva. Raiva contra o mundo, contra as coisas que nunca dão certo em sua vida e, sobretudo, raiva dele mesmo, que não possui a capacidade de fazer diferente. Ele quer, mas não sabe como. Infeliz foi o cara que disse: "querer é poder". Não é não, porra. É assim que Paul Thomas Anderson começa o filme. Eu já volto... interrompemos pra dizer:

P.T. Anderson É REALMENTE O MELHOR CINEASTA DA NOVA GERAÇÃO. Seus quatro filmes são todos marcantes. Falando mais precisamente de sua obra-prima Magnolia, aquele filme me fez chorar todo o tempo antes do meu sono quando o vi pela primeira vez (mas desabo toda vez que escuto "Wise Up", da Aimee Mann". Nunca me esqueci disso. Sabe aqueles medos, aqueles sentimentos incrivelmente confusos que te passam e você acabam não dando bola, porque eles simplesmente não fazem sentido e te deixam triste? Magnolia trata de todos eles, e faz isso sublimemente. Poesia em movimento, música enchendo os ouvidos. Três horas de humanidade, saca? Não há Platão que apague a beleza dos sentidos, por mais cegos que eles possam nos tornar. Tem coisas que não se explica; elas apenas são. Talvez essa merda toda não tenha patavinas a ver com o filme, mas tenho essa sensação toda vez que o assisto, e isso foi há uns vinte minutos.

Punch-Drunk Love provoca a mesma reação. Às vezes você ri, às vezes você chora, se assusta. Não tem como definir o longa. Tudo é conduzido (im)perfeitamente. À medida que Barry descobre que sua vida tem solução, não porque ele correu atrás dela e sim porque ela se apresentou em sua frente. Lena descobre algo adorável naquele estranho sujeito, mas não sabe direito o que é. Talvez seja o jeito de cahorrinho abandonado dele, talvez seja apenas o cansaço da solidão. Não importa. No momento que duas almas se juntam e convencionam essa união como amor, tudo muda. E todo mundo sabe que isso é verdade. Tudo aquilo que sempre se quis chega depois de tanto tempo de espera. Não há como desperdiçar a chance de uma vida. Talvez seja tudo uma coincidência do caralho, mas tudo fica mais bonito quando toma essa proporções. Fica sim. Anderson é brilhante ao narrar essa jornada. Com os devidos exageros, que só implementam a beleza da película, o amor supera todos os obstáculos, comete todas as loucuras, sem medo de ser clichê e descaradamente sincero. Mas afinal, que amor não é clichê?

Adam Sandler tá incrível, Emily Watson sempre foi incrível. Philip Seymour Hoffman dispensa comentários.

Detalhe: o que tem de gente comprando gato por lebre. O título parece aqueles romances adolescentes do Freddie "BLERGH" Prinze Jr. e Sarah Michelle "BLEGHELLAR". Adam Sandler indica comédia. E como tem gente que ri na hora errada. Tem partes do filme que são perturbadoras. O riso parece que sai como defesa. Ah, deixa pra lá... já falei demais...

Enfim, a definitiva elegia ao amor. Um amor torto, mas igualmente perfeito. O meu tipo de amor. Eu acredito nele.



SERIA BEM MAIS SIMPLES SE INTERPRETÁSSEMOS SUA HISTÓRIA ASSIM COMO NA PROPAGANDA. VOCÊ PODE, SE QUISER.




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