Os dias passam...
E cada vez mais me sinto caindo para trás. O problema é esse: não sei onde estou caindo. Se é numa maldita piscina de merda, em plumas ou puffs ultra-macios. Talvez no abismo do esqucimento. Prefiro não olhar pra trás pra ver o que é... gosto de surpresas.
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Hoje foi um dia particularmente feliz. Tive a certeza da realização de um sonho. Um sonho besta, mas e daí? É um sonho, PORRA! Ainda lembro do olhar de reprovação do meu avô, decepcionado com meu empenho em prol de algo vão (segundo ele) enquanto eu deveria estar por aí procurando um emprego. Ele tem razão em parte. Tenho coisas super-importantes pra colocar em dia na minha vida. Mas estou procurando aproveitar esse período de entre-safra. Uma estagnação saudável e de tempo reduzido (assim espero). Mas me lembro do garoto de 12 anos voltando do colégio e ouvindo a rádio Atlântida. Me lembro também DO REFRÃO.
Meu pai já tinha colocado o carro na garagem, mas fiquei ali dentro ouvindo o rádio até o fim do bloco, só pra saber o nome da música e da banda. Quando ouvi o que queria, me veio à memória uma revista Showbizz, na seção Discoteca Básica. Antes de almoçar, corri pra revirar minha pilha de papéis e revistas até encontrar a tal matéria. Era o disco COM A MÚSICA que eu queria. Não conhecia mais nada deles. Mas nem importava.
Na mesma semana, fui numa loja de discos com meu pai. Mas dessa vez não foi pra ver o disco novo do Aerosmith ou do Cranberries. Me lembro que foi na antiga CD4You de NH, na esquina entre a 1º de Março e a Marcílio Dias. Era uma loja grande, com bastante coisa legal. Meu velho disse pra mim:
- Escolhe um pra ti.
Enquanto meu pai saía à cata do novíssimo BOOM DO AXÉ ou do lançamento do Zezé de Camargo e Luciano, falei o nome da tal banda pro balconista da loja. Me mostrou dois discos, um de capa branca, e outro com uma capa meio marrom, meio verde. Era esse. O da revista. O DA MÚSICA. Nem pedi pra escutar, só fiquei com ele na mão, esperando meu pai. Me achei muito foda segurando um disco alterna como aquele. Não sei pra quem, mas me senti foda. Levei a bolacha pra casa e fui apressado escutá-la. Me senti horrorizado. Nunca tinha escutado algo parecido na minha vida. Confesso que ODIEI o álbum na primeira audição. Mas alguma coisa sempre me fazia voltar pra ver se eu aguentava. Quando quebrei a barreira do disco, não percebi que havia quebrado minhas próprias barreiras. Nada foi igual pra mim depois daquilo. Talvez seja culpa do disco, talvez não. Mas gosto de acreditar na primeira opção. Me lembro da promessa. E agora sei que poderei cumprí-la.
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Hoje eu vi um anjo tomando chá. Parece humana. É meio que inexplicável o jeito que eu me sinto ao estar junto dela. Algo semelhante a um babaca inconsciente. É ridículo o jeito que eu consigo ficar. Mas isso eu
nem quero saber. As coisas nem sempre acontece do jeito que você quer (ok, agora eu fui brilhante), mas nunca se consegue prever como algo aparentemente terrível pode se transmutar para algo maior, que pode transcender simples ligações banais. Algo que possa fazer um cara escutar Sigur Rós às 5 da manhã e colocar as coisas mais BABACAS no seu blog. Por favor, não riam de mim.
NA VITROLA: Sigur Rós - Agaetis Byrjun. A trilha sonora dos anjos.
P.S. - Ainda vou te dar uma cópia desse disco.